quinta-feira, 10 de abril de 2008

A Participação Estudantil

http://dg.aac.uc.pt/contents/images/gteltngc.jpg


http://dg.aac.uc.pt/contents/images/08kw0gav.jpg


É já em 2009, precisamente daqui a um ano e sete dias, que se comemoram quatro décadas de um dos momentos mais marcantes da história da Universidade de Coimbra. Foi nesse dia que os estudantes de Coimbra exigiram a sua representação e participação nos Órgãos de Gestão da U.C.
Hoje, os estudantes integram os Conselhos Pedagógicos, os Conselhos Directivos, o Senado e as respectivas Secções, para além das Assembleias de Representantes e da Assembleia da Universidade de Coimbra.
O RJIES pretende remeter a participação estudantil aos Conselhos Pedagógicos e ao Conselho Geral.
Serão esta formas de participação suficientes? Ficarão os estudantes satisfeitos? Ou será que algum dia esta história se irá reescrever?

2 comentários:

JPita disse...

As revisões estatutárias têm grande importância para as Instituições de Ensino Superior e para os estudantes. Nesse sentido vários blogs foram criados para a discussão de pontos de vista.

Transcrevo um comentário que deixei no blog dos estudantes da Universidade de Lisboa.

Cumprimentos

João Pita
___________________________________

Meus caros colegas,

primeiro que tudo tenho de vos felicitar não só pelo Blog mas por todo o trabalho feita anteriormente à construção do blog e dentro da Revisão dos Estatutos. Além disso a forma clara e concisa como apresentaste as opções que devem ser tomadas e as dicotomias que existem está muito bem conseguída.

Resta-me deixar algumas palavras sobre alguns pontos de acordo e outros de desacordo de opinião no sentido de entendimento de uma Universidade de Futuro.

A primeira discussão deve ser, sem sombra de dúvidas, a reflexão interna sobre que Universidade e Universidades queremos em Portugal no prazo de 20 anos. De facto, a existência em Portugal Continental de 9 Universidades de topo é algo que deve merecer reflexão sob o ponto de vista político, social, económico e de coesão nacional (não necessariamente por esta ordem). Esta discussão não pode do ponto de vista estudantil estar traduzida somente pelos representantes nas Assembleias Estatutárias.

Muito se fala do perigo de termos em Portugal a replicação do que de melhor se faz na Europa, deixando á Europa Central a fonte de criação e de inovação científica. Como jovem e como cidadão recuso esta afirmação. Contudo, não podemos ser lentos a perceber que 2º e principalmente 3º ciclos de excelência europeia estão, à escala nacional, ao alcance de poucas Instituições. É preferível 9 ou 10 Instituições medianas ou 3 ou 4 grandes Instituições? Questão difícil ao qual mais do que a resposta devia ser dado espaço e tempo para a reflexão crítica de todos.

De uma análise superficial do sistema, e à falta de indicadores credíveis e fiáveis, às Universidades deve ser incutido um espírito crítico e uma simbiose plena entre Ensino e Investigação. Ao Ensino Universal (origem do nome Universidade) deve ser acrescentado os objectivos do Ensino moderno e adaptado ao meio.

Discordo, portanto, frontalmente com a ideia de separação do Ensino e da Investigação. É a Investigação que alimenta o Ensino e só caldo de cultura, discussão, cidadania e espírito crítico pode fomentar a verdadeira inovação científica. Aproveita-se mal os alunos do Ensino Superior para a investigação. A ideia ainda muito enraizada de que primeiro se termina o curso superior e depois se investiga está ultrapassada, distorce as virtualidades do modelo de ensino centrado na prática e na experiência e desperdiça recursos humanos e técnicos pois não coloca os alunos frente-a-frente com a produção científica.

Diria para terminar este pequeno comentário que o surgimento do campus universitário, tão personificado na Alta Universitária de Coimbra ou na Cidade Universitária, é por si só um meio da cultura, da ciência e da inovação científica. Devemos querer mais e melhores docentes, preparados para um Ensino massificado e com competências pedagógicas reforçadas; devemos querer um ensino exigente, rigoroso, que exija dos alunos um trabalho continuado e lhe dê os instrumentos para aprender mais do que transmitir os ensimentos dos manuais e das sebentas; devemos querer um Ensino Superior em que a o Ensino e a Investigação estejam intimamente ligados e que um e outro seja consequência simbiótica da existência do outro; devemos querer Universidades fortes e competitivas sem esquecer a matriz social da sociedade portuguesa e do livre acesso a todos os jovens a um grau superior.

Finalmente, para todos nós, estudantes, e especialmente para os dirigentes associativos esta éuma altura de partilha de informação, de ajuda e interajuda entre todos. Fecharmo-nos no nosso canto apenas e só cava o fosso entre nós e os outros corpos universitários. Este semestre é muito mais do que o futuro dos órgãos de gestão, é o futuro do sistema de Ensino Superior que está em jogo e compete-nos a nós ser a vanguarda, ser o futuro e ser a inovação.

JPita disse...

O Jogo da Democracia

Hoje comemora-se o dia 17 de Abril, numa evocação dos acontecimentos de 17 de Abril de 1969. O momento em que tal ocorreu era o de uma opressão terrível dos estudantes e da sociedade, com falta de liberdade de expressão e uma ditadura que caminhava para o seu fim...

A conquista da Gestão Democrática - feita por muitos daqueles que hoje estão no Governo e nas Instituições de Ensino Superior - partiu de Coimbra. É o movimento estudantil de Coimbra que com a sua força e vitalidade, alicerçada na AAC conseguiu levar de vencida uma LUTA de décadas.

Participar no jogo democrático é, responsavelmente, dar os nossos pontos de vista, sustentar as nossas posições e partir dai para o convencimento dos eleitores de que as nossas são as melhores ideias...dentro da Universidade é assim no Senado, no Conselho Directivo e Pedagógico e na Assembleia da Universidade.

Lembro-me de eleições para Reitores da Universidade em que se contava voto a voto a inclinação de todos os membros da Assembleia, se discutiam programas eleitorais que espelhavam o que se queria do futuro da Universidade de Coimbra - em conjunto, professores, alunos e funcionários.

Hoje, um RJIES cruel resume as Universidades a serviços públicos. E os estudantes a quase clientes. A lei é má mas a Universidade de Coimbra quer fazer ainda pior...

Aqueles que hoje decidem do alto da sua pretensa sabedoria mais não querem do oprimir aqueles a quem outrora quiseram dar a mão...quem não se sente representado no jogo democrático revolta-se fora dele!!

A Universidade de Coimbra deixando os estudantes como espectadores passivos dá um passo de gigante rumo à ingovernabilidade e à insurreição estudantil.

No dia em que estivermos fora de jogo, estaremos fora da democracia e, portanto, agiremos fora dela...na rua, com força e sem piedade!